Conheci um anjo. Olhar puro, sorriso melífluo e riso terno de criança. Como ele é bom! Fez-me voltar a acreditar na bondade. Mas suas asas foram cerceadas. Queria voar de novo. Ele agora não me pode valer. Está triste. Enquanto ele estiver assim suas asas não crescem. Tenho que o ajudar a ser feliz. Ele fez tanto por mim e nem sabe. Porque a indulgência é-lhe natural e tudo o que ele faz toca profundamente os demais. Preciso de o fazer rir. Mas como o hei-de fazer? Ele está profundamente triste. Eu também fico triste por vê-lo triste. Ele não me diz a razão da sua tristeza mas eu já sei qual é. Este anjo caiu do céu porque tem dado mais amor do que tem recebido. E o amor é como a respiração, tem que haver um equilíbrio entre o que se recebe e o que se expele porque senão vamos perdendo, lentamente, o amor que trazemos, até que fiquemos completamente taciturnos. Ele já está assim. Mas não por muito tempo porque afinal só tenho que o amar. E é tão simples amar…
João Vasco