Uma asfixia constante polvilha minha existência. Como se o firmamento se abatesse sobre mim com intenção de me esmagar. Não sou mais que memória. É atroz… Simplificado por acerba sentença busco sentido. Peças que se distribuam de forma adjacente de modo a poder ter uma perspectiva real da imagem que sucede. Isto é a violência de existir. Cadáver que sou, distraio-me a construir castelos de areia, enquanto aguardo pelo estridular dos dobres a anunciar o momento da retirada. Por cada castelo que rui, construo logo outro de seguida, na esperança parva de que o mais recente seja mais obstinado que o anterior.
Se eu pudesse mais do que querer e menos do que agir…Ser limpo, intenso e feito apenas de verdade. É tudo tão repetitivo e desgastante! Quem não se cansa?
Eu, que existo porque não me consigo esquecer de mim. Desde que me conheço que procuro um desvio, uma palavra, um som, um sorriso que me leve a um lugar diferente, fora disto tudo. Um local sem tempo ou espaço, em que me abandone e me esqueça. Onde? Por aí… Esse pouso que não é destino há quem o chame de amor…
João Vasco