terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Foto: Henri Cartier-Bresson
 
Quanto tempo se tem até que se perceba que se é inevitável? Cada pessoa é um acidente. Mas isso não chega e procuramos significado. Queremos as coisas como nossas, queremos pertencer a algo e ser mais do que tudo o que possa parecer primitivo.
E depois há o não saber. Como posso não saber? Não chegar, não alcançar. Porque não dá. Não há como. As perguntas não descansam mas as respostas são impossíveis. E se tudo o que o tempo fizer for apenas o martelar no pensamento?
É disso que se faz o Homem. De mil e uma coisas mas nada em concreto. E o tempo é o palco desta tragicomédia. A maior imensidão é o vazio. Porque aí tudo é engolido, tudo desaparece. E é fácil deixar isto tudo de lado, esquecido? Não deixar que se alimente e nos assoberbe de batalhas para perder? A viver esquece-se o tempo. A lembrar-se que se vive agigantam-se as rédeas do tempo. Quanto não é demais saber-se que não se pode mais saber?
Depois de subtraídos todos os atavios e ademanes o que sobra? O peso do silêncio. Ninguém sustém tal peso durante muito tempo. Ninguém consegue respirar perante tanta questão sem resposta. Inventa-se o trabalho, o lazer, resvala-se para os vícios e os prazeres e para falsas liberdades, mergulha-se nos afectos, acorda-se pela dor, enquanto tudo permanece intangível, do outro lado do rio, fora das pessoas mas nelas intrometido.
João Vasco