quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009



Foto de Veselin Stefanov Kanchev
Quando vejo onde estou sei que não estou em lado nenhum. Porque aqui não se está, confunde-se. Estou sempre parado no mesmo lugar e esse lugar sou eu. Tanto estranho à minha volta e eu sou o estrangeiro a aprender-me. São segundos de vida a agarrar todas as outras horas. As que se vivem tão depressa ou as que se arrastam em acerbo. As vozes vão desaparecendo, o olhar fica diáfano e sobram o pensamento e as raízes da pergunta. E sempre regresso aos muros da irredutibilidade. Entrecortam a seda dos dias. Fora de tudo, fora de nada, ausente. Ninguém me ensinou o que é não entender o começo, o sabor das pausas. Aqui não vem ninguém. Deixemo-nos, tais como assim. Não hei-de dizer que não sei onde estou. Não há-de ser dito. Porque não faz falta. Há coisas que não se fazem. E nem vale a pena perguntar porquê. A dúvida é a minha submissão.
É-se, aqui. Porque tenho que cá vir tantas vezes?
João Vasco