Tenho que apanhar o tempo
Na estrada que desponta.
Meus passos, ao destempo,
São a vida que não conta.
E os sons que me perfuram
Como pensamentos ansiosos
Cedem-me ecos que perduram
Além dos vazios desditosos.
Revejo-me pelo sábio costume
Dos usos feitos no vício de fuga
E o ardor da chama de meu lume
É o palco em que tudo se conjuga.
Sou náufrago arribado à areia
Da praia esboroada de meu ser,
Uma morada de casa cheia
Este meu modo de me entreter.João Vasco