segunda-feira, 5 de novembro de 2007


Pintura de René Magritte

Tenho imagens, tenho ideias. Guardadas em cada meandro meu que desconheço. E minhas acções ou omissões são um reflexo desse reservatório. Será tanto meu quanto o julgo? Para onde quer que vá, a mim sempre regresso. É longo o caminho fruto do esforço. E o destino? Preocupa-me mais o caminho, é por lá que acontece minha viagem atempada. Quero seguir a corrente que flui…Não me tenho presente pelo que me resta. Como tudo me acontece incerto e sem prazo não sou mais que a dúvida do tempo e do acontecimento insolúvel. As coisas que me fazem são só minhas. Eu sou minha solidão. Temo as certezas agrestes do que é ser quem sou. Não há desvios na paisagem do meu ser. Como sou-me percebido pelo tempo que se faz não há tempo em que me perceba. E assim não me julgo capaz de retirar de mim o caos do céu. Se a noite me fizesse um ponto de vida que se visse eu seria mais do que um fogo de aparecer. Se…

Chuva clandestina, torrente desordenada, alvoroço por culpa das ideias, das imagens, mero resultado de existir. É somente o único modo de se ser. Ou tão-só o meu, aquele que consigo conhecer.

João Vasco

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