domingo, 28 de outubro de 2007

Espiral



Quem pára tudo isto?

Que o tempo é além

Este trajo que eu visto

É a noite, o desdém.


Quando isto se acaba?

Este pulsar nevoento,

O retumbar na aldraba,

O rumorejar do vento.


Como fechar que existo?

Este cordel traiçoeiro

A enovelar-se, previsto,

Como hábil nevoeiro.


Hei-de deixar de ser eu

Começar do nada,

Deixar o que é meu

Sulcar uma estrada.


Tenho-me a mais,

Tamanho enfado, assim,

Como barco órfão de cais

Sou tão-só eu sobre mim.


João Vasco

Um comentário:

storytellers disse...

O título é o texto. O texto é o título, composto em espiral. Literalmente!
Kisses, Kerubina