quarta-feira, 10 de outubro de 2007



Minha casa, meu lugar… No cimo de uma colina, altiva, isolada, onde moro sozinho. Feita nos dias de mim com a solidez do tempo, fiel abrigo de agruras. Eu não saio daqui. Um aconchego cobarde molesta minha vontade de explorar o que aparece na minha orla de existir. Prisioneiro de uma vontade insonte, sustenho-me em meu espaço. Escuto o som das palavras e o silêncio que as entrecorta como intervalo de vida. Há uma pausa ou um avanço no sentido indistinto das coisas. E assim se fazem os tempos que não se recuperam. É a minha doutrina, meu livro em branco.

Que é de mim? Onde me tenho? Quero-me assim, composto pela distância a que me sujeito. Porque tenho medo, um medo sacrílego de mim. Não sou previsível. Tenho-me seguro pelo refrigério que é minha casa. E espero. Por nada, apenas espero, como se mais nada pudesse fazer porque assim sou eu.

A minha casa…Ruiu minha casa. Onde morava sozinho. Agora tudo ficou mais claro com o fim da fantasia. Vejo até mais longe ainda que conheça o mesmo. Que hei-de fazer? Amainarei até ao torpor. Vou continuar à espera na quietude mansa de minha irredutibilidade. Conquanto que isto pareça muito, é miserável, porque tudo continuará na mesma, no mundo, lá fora. É urgente saber quem sou!

João Vasco

2 comentários:

un dress disse...

saber...será mais ir sabendo...?

que nunca se sabe.

nunca de todo.




/gostei...


:)

storytellers disse...

Que lindo este texto João. é verdade que às vezes quando menos se espera, somos apanhados por um estranho torpor de vida muito vivida.