Porque absorvo o demais do mundo
Desde a fímbria ao mais esconso fundo
Pela esponja ensopada de vida
Em meu peito, bem escondida.
E não pára, nem sequer abranda,
Crueza tamanha que por mim ciranda.
Adstrito me fico por assim ter de ficar
Já quase não caibo neste meu lugar.
Alguém me leve este peso imoderado
Tanto mais de tenso e apertado.
Não consigo por mais me segurar
Cedo a meu taciturno alquebrar.
Tentei despojar-me deste carrego
Num gesto assoberbado de aferro
Por um ilusório e soluçado pranto
Soltei a voz de meu triste canto.
Mas de tão poucas gotas vertidas
Ainda que todas somadas e expandidas
Seriam sempre um pequeno gotejar
Inócuo perante meu encapelado mar.
Alguém que queira tomar um pouco
Por demais suplicarei até que fique rouco.
Quando minha voz se for sem ter sido ouvida
Já estarei a morrer mais rápido que minha vida.
João Vasco
2 comentários:
Aqui mesmo...
Gostei de o ler!
Voltarei...
Beijo
Lia
Gostei do seu blogger!
Volto
Beijo Lia
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