quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A morada de mim



Por onde vou me perder

Se o que nunca se encontrou

Não tem fixo o lugar

De existir, de morar.

Por onde….

Existir é tão confuso

Quero dar-me uso…


Por entre as brumas do meu ser

Não encontro o que entender.

Vicissitudes em dispersão,

Reminiscências da acção,

Espaços de tempo desencontrados

Em simetrias desconexas,

Acontecimentos soterrados

E coisas vãs anexas.


Por onde então me procuro

Se me entendo a o fazer,

Há meu passeio obscuro

A imaginar-se a crescer.

Navego como nauta de mim

No abismo que se completa

Até à foz do rio sem fim

Minha utopia concreta.


Por onde ando eu

Um pouco aqui e ali

Entre o que tenho e o que é meu

Entre o que existo e o que morri.

Há outro modo de me achar

Livre do castigo do véu

Ser gigante como o mar

Ausente como o céu.


Em meu querer descrente sonho

E os dias já não acontecem.

Ai, se eu pudesse ser risonho

Pelas vontades que se tecem

Ter uma chama insubmissa

A acalentar-me cada movimento,

Moldando minha quididade omissa

Chegar-me ao que tanto tento.


Por onde ando eu…


João Vasco

Um comentário:

tb disse...

há dias em que nos distanciamos do qeu somos... :)
gosto da tua escrita intensa e cuidada.
Beijinho