quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Sair. À rua. As ruas têm gente a mais para que não me sinta só. Na rua há cenário, a imensidão do tempo vazio. Parado, estranho-me. Debruço-me sobre demasiadas questões de mim. Sou o louco que revolve a serenidade da poeira. Mas mesmo este instinto selvagem enfrenta o limite que cerceia qualquer sede de rebuliço em busca de mais. Há uma álea infinita a asfixiar qualquer desejo de emancipação.

E quem são estas pessoas? Corpos. As pessoas não se conhecem. Eu não tenho corpo para minha alma. Olho para eles e percebo a distância. Que lonjura!

Aqui se faz a vida. Quero partilhar meu pensamento. Mas não por palavras ou gestos que adulterem a raiz das ideias. Um produto puro, uma partilha sentida como um pedaço verdadeiro de identidade, …assim seria conhecer e conhecerem-me. Seria…

Estou a meio caminho de nada. Volto para trás ou cumpro o que me resta? Estou na rua. Sinto o som do silêncio, a solidão. Onde me tenho, jazigo de instantes?

Apenas vim à rua para que pudesse ficar um pouco só.


João Vasco

Um comentário:

Paulo disse...

A rua, esse "altar de nós", onde representando no palco do quotidiano, criamos anologias de nós e facetados espelhos onde, teimosamente, nos revemos magnificamente representados...outras vezes, não!
Abraço
Paulo