quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sinto os dias como pingos de chuva a invadir meu corpo insolente. Tudo é feito nos dias. Um fragor mesquinho se deslinda. Não há hiatos ou fraquezas. Há uma continuidade pressurosa que não deixa espaço para o improviso. Queria um não-dia. Um nicho de além-mar, um desencanto de ousadia, um manto rutilante de incerteza, uma luz de inquietude, um sopro alvoraçado, uma voz de arrepio, …Algo inaudito. O ser humano é um ser interdito. Por si mesmo ou pela sua própria circunstância. E nisto tudo, à espreita, a felicidade. É tão-só amanhã. Hoje é somente o presente. A felicidade é apenas um conceito do futuro. Vem aí. Chegará. Trazida pelos dias. Esses intervalos de tempo de que somos cativos. A monotonia pela privação e pelo sentimento de impotência. Quero um não-dia…

João Vasco

Um comentário:

tb disse...

felizes os que o sabem sentir...
A tua escrita é uma sinfonia que nos remete para dentro de nós e da vida em movimento.
Beijo de não-dia...