sábado, 3 de maio de 2008

"Até onde a rua me levar" de Lara Pires

Luto como um louco para vencer tudo o que sinto como tua ausência. A tua distância é a luz apagada nesta minha casa rústica de palavras. Fecho os olhos e vejo teu sorriso vivaz a tactear, indolente, meu âmago. Recordo tua voz melíflua que me afaga, terna, como uma brisa amena de Primavera. Sem ti sou pobre, um mendigo andrajoso, um eremita errante, um náufrago da vida. Nas mãos carrego todos os carinhos que não te consegui entregar. Sou um prisioneiro de minha vontade, um súbdito do amor. Não sei deixar de gostar de ti. Cada segundo de mim é feito a pensar em ti, meu imperativo categórico é amar-te como quem respira.

Sou pequeno demais, demasiado humano até, para trazer comigo este colosso infinito, feito oceano de amor, que cultivo por ti como quem se esmera a cuidar seu jardim. Se me olhares nos olhos pegar-me-ás no coração e verás então que as montanhas da beleza começam no sorriso de um olhar apaixonado.

Espero por ti como uma criança inocente na paragem do autocarro. Os dias são muitos, os minutos são pressa, minha vida é só esta. Ainda que sozinho mas sem nunca deixar de te amar, vou até onde a rua me levar...

João Vasco

4 comentários:

farfalla disse...

gostei :)

especialmente por entender tão bem esse carinho que se acoita nas mãos sem chegar ao destinatário ;)

_baci_

Anônimo disse...

Gostei da foto ;) Obrigada pela colocação da autoria da mesma. Fico contente por servir tão bem de ilustração a um texto belíssimo. Cump., Lara Pires

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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