quinta-feira, 8 de novembro de 2007



Pus-me a pensar onde estava, no momento em que atravessei o tempo como quem se detém e o vê passar por nós, como quem segue numa carruagem de um comboio e ao olhar para o exterior, pela janela, receia que não seja o trem que esteja a andar mas sim as árvores que compõem a paisagem. Onde? Queria dar com o lugar em que tal aconteceu porque não me canso de insistir na morte do desconhecido. Foi esquecimento ou simplesmente não consegui situar-me espacialmente? Malditos desacertos… Como se eu fosse um boneco de corda incapaz de dar a si mesmo um impulso de vida. Sobeja o tempo, escasseia o espaço.

Vejo as ruas dos meus passos e os vultos que as preenchem como se fosse um estranho a absorver a paisagem e a dinâmica de um lugar novo. Perdi a noção do caminhante que fui. Onde me ficcionei, onde fui figura…O tempo é um comboio e só agora percebi que os seus melhores lugares são os que não ficam à janela. Da janela vê-se ficar para trás intimidade e estética do sentir. E afinal foi assim, toldado por este teatro emotivo, que me distraí sem perdão. Em suma, que me importa isso? Quase nada. Quase…Desvarios…E já nem sequer vou à janela.

João Vasco

3 comentários:

PoesiaMGD disse...

Gostei muita do que li por aqui! Deixo-lhe os meus parabéns e um convite:

http://www.escritartes.com/forum/index.php?referredby=3

storytellers disse...

Que engraçado acabei de ler um texto com um comboio aqui num blog ao lado! Agora mesmo!
em :
http://farolnoventodonorte.blogspot.com/
O teu texto está muito bonito
beijos, Kerubina

Anônimo disse...

Felizmente nao nascemos ensinados. Ja q possuis essa dadiva (sim, dadiva), aproveita esses desacertos, incertezas e esse subito e momentaneo desinteresse pela vida para te pores de fora e te veres.

Da parte de fora da janela. Mas sem fazeres parte da paisagem. Senao ficarias ali parado para sempre...

Obrigada pelo comentario :)

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