quinta-feira, 5 de julho de 2007

Dou tudo o que posso e não é nada. Assim parece. O que me sai sincero do peito é um vento insípido que pouco faz. Não alcanço. Choro o sangue turvo que percorre todo o meu corpo em lágrimas de ansiedade. Sou a sombra anuviada de um vulto que não sou eu. Os passos que dou são em direcção a mim. De mim não me vou. Não sei se aguardo ou se avanço. Sou. Apenas. Somente daqui. E isto me faz desesperar. Estou contido pela ausência que é não ter. Não me resolvo, não me antecipo. A meus pés desenho um abismo em que rodopio volúvel como cata-vento. Tudo o que faço não se vê feito. Desaparece. Não consigo tocar. Por vezes roçago. Tão-só isso. Estou longe, longe demais …eu que tanto queria ser indelével.

João Vasco

3 comentários:

Anônimo disse...

No que escreve, no que nos lega, é certamente indelével.
Muito bom este texto.

Um abraço
Mel de Carvalho
www.noitedemel.blogs.sapo.pt
www.maresiademel.blogs.sapo.pt

storytellers disse...

huuummm..
até gostava de contrariar isso pela positiva, pois claro, mas..
e isto quem me conhecer até pode achar rídiculo, mas.. compreendo perfeitamente..
de qq forma está-me no sangue contrariar esse estado quase amorfo.. tenho demasiadas borboletas na barriga!
em mim isso poderia e pode, ser uma fase mas nunca um estado de ser..
e algumas dessas fases duram mais do que deviam..e nem digo mais!

tb disse...

se continuas a escrever assim ainda te arriscas a ficar... :)***