domingo, 3 de julho de 2011

Casa na Colina - V

Foto de Benjamim Vieira

Por entre dias isentos - manhãs enrugadas pela humidade, tardes desmesuradas e noites de vapor e anuência - escorreguei, sem alternativa, por falta de ti. Fui indo, como quem vai e fica, como quem pede e dá, como quem manda e obedece. E esqueci-me de quase tudo o que é imediato, de tudo o que é banal.

Sem mais que me leve percebi-me drasticamente vivo. Não há mais do que o que desde muito cedo se sabe. E o resto do tempo? Por ser tão escasso é-me supérfluo, como se tudo fosse a preto e branco e as cores não mais fossem que um subterfúgio da imaginação.

Tu eras a minha canção de embalar. Agora sei-me sem dormir, há demasiada luz para que não tenha insónias. Já não moro na minha casa.

João Vasco

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